Powered By Blogger

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Atitude de tubarão – lições de liderança ativa

O tubarão é um dos animais mais admiráveis da natureza. Ele consegue farejar uma gota de sangue em um milhão de gotas d’água a 400 metros de distância no oceano. Sua mordida exerce uma pressão equivalente a três toneladas sobre a presa. Seu tecido cartilaginoso é imune a tumores cancerígenos. Sensores elétricos em sua pele identificam as batidas do coração da presa à distância. As espécies mais conhecidas pela voracidade são o gralha-branca oceânico, o tigre, o azul, o cabeça-chata e o grande tubarão branco.
Mas para nós, pequenos, médios ou grandes executivos ou líderes, não são estas as características mais interessantes. Outras qualidades do tubarão nos interessam, das quais podemos tirar algum aprendizado. Vamos a elas:

Bexiga natatória. O tubarão não tem bexiga natatória, como os demais peixes. Este órgão funciona como lastro – o peixe infla a bexiga quando quer nadar mais próximo da superfície ou a esvazia quando quer ir mais ao fundo. É um princípio similar ao dos submarinos, que esvaziam ou enchem tanques com água para submergir ou emergir. Sem este dispositivo, o tubarão é obrigado a um esforço natatório adicional se quiser mudar ou permanecer em qualquer nível em relação à superfície.

Brânquias estáticas. Enquanto outros peixes têm brânquias ativas, que tem a passagem de água forçada para sua respiração, o tubarão (assim como a arraia) precisa passar pela água constantemente para retirar seu oxigênio. A água passa pela boca e sai pelas guelras. Mais um esforço natatório: ou ele nada, ou não respira. É como retirar a ventoinha do fusca, cujo motor é refrigerado a ar forçado. Ele fundiria rapidamente, pois não pode rodar na velocidade que faça passar ar suficiente para refrigerar o motor.

Sangue ectotérmico. A temperatura do sangue do tubarão depende do ambiente. Para manter boa temperatura, o tubarão precisa nadar para águas quentes tropicais e regiões costeiras. Os movimentos variam de lentos e determinados para impulsivos e rápidos.

Assim, ele precisa nadar constantemente para manter-se estável e respirar. Daí a fome constante: O “deslocamento natatorial constante origina um enorme gasto de energia e uma consequente necessidade em se alimentar constantemente” diz o Wikipédia. Um tubarão come o equivalente a 3% de seu peso por refeição. É como um homem de 80 kg comer 2,4 kg a cada repasto.

Eis a lição para o líder ativo. Ter atitude de tubarão. Não estou falando de farejar sangue a cinco quilômetros ou dar mordidas de três toneladas. Estou falando de alimentar-se constantemente para poder nadar constantemente e vice-versa.

Vamos entender a metáfora: nadar é essencial para o tubarão. E para nadar ele precisa alimentar-se. Liderar é essencial para o líder. E para isso ele precisa alimentar-se de conhecimento. Um líder desatualizado é um tubarão parado.

O líder não tem bexiga natatória, não pode dar-se ao luxo de parar de se qualificar, deixar de se reciclar. Acomodar-se com os anos de experiência que adquiriu ou achar que já sabe o suficiente, para o líder, é como deixar de movimentar-se na água para um tubarão: fatalmente ele afundará, distanciando-se de sua alimentação, entrando num ciclo vicioso: menos alimento, menos energia para nadar. O que o tubarão comeu ontem já está sendo digerido e logo ele precisará de mais alimento. Não estou menosprezando a vivência, estou dizendo que ela sozinha já não basta. Estou dizendo não, o mundo corporativo está dizendo.

O líder não tem brânquias ativas, não se deixa estagnar. Como o tubarão, ele se oxigena movimentando-se. Um líder sentado na mesa, estático é como um tubarão dormindo no fundo do mar: é uma presa fácil, com metabolismo reduzido. É preciso agir, mover-se, tomar a iniciativa, liderar, produzir resultados. Parado, o líder acaba submergindo para águas mais profundas, enquanto todo o mundo corporativo evolui. Os outros profissionais, em movimento constante, “emergem” deixando para trás os que estacionam no tempo.

Claro, existem espécies de tubarão que não demandam tanto esforço. O tubarão-dormedor (“dormidor” não, “dormedor” mesmo, com “e”) estaciona no fundo do mar e espera pelas correntes marinhas, que trazem alimento e fazem a água passar por suas brânquias, de onde ele tira o oxigênio. O cação-anjo se esconde sob a areia, para embotar a presa no momento certo. O tubarão-baleia pesa 10 toneladas e se alimenta principalmente de plâncton, um organismo microscópico, ou, de vez em quando, de sardinhas, nadando a 5 km/h.

Mas, que tipo de líder sou eu, que espécie de líder é você? É do tipo que tem fome de conhecimento? Tem interesse por novas tecnologias, busca o aprendizado e a melhoria contínua? Procura novas teorias, novas experiências, troca informações, amplia sua rede de relacionamentos? Busca sempre adaptar-se às marés, emerge, submerge, emerge de novo, sensível às mudanças e constantemente preparando-se para elas? Está sempre à caça, como o grande tubarão branco, com foco no objetivo e motivado.

Talvez seu estilo gerencial se pareça com o tubarão-baleia, enorme, lento e pesado que se contenta com plânctons, ou, quando muito, com algumas sardinhas. Os mergulhadores relatam excessiva docilidade desta espécie, que não representa qualquer risco para eles. No mundo corporativo também encontramos líderes ultrapassados, que não oferecem riscos para as concorrentes das empresas onde eles trabalham. Além disso, são bonzinhos demais, passam a mão na cabeça de liderados indisciplinados ou negligentes.

Quem sabe, como o cação-anjo, você prefira a discrição. Nada de aparecer, nada de correr riscos, basta agir quando impelido pela circunstância, reagindo à situação. Afinal, ser predador, proativo é extremamente cansativo e estressante, além de arriscado. Melhor passar a vida profissional inteira com algumas poucas tarefas e alguma estabilidade do que buscar mais visibilidade, mais autoridade, porque isto implica mais responsabilidade.

Ou você, como líder, se assemelha a um tubarão-dormedor, confortável com o status quo?  Você já tem vinte, trinta anos de experiência talvez não haja mais o que aprender mesmo. Para quê nadar, para quê estudar, reciclar, capacitar-se, não é mesmo? Já sabe de tudo, melhor deixar essa coisa de inovação, tecnologia, mudanças para os garotões. Basta ficar esperando o alimento e o oxigênio trazidos pelas correntes marinhas naturalmente, na zona de conforto, o fundo do mar.

Parodiando Zeca Pagodinho, “tubarão que dorme, a onda leva”.

Bebemos nas fontes:
pt.wikipédia.orgQwiki/tubarão  
www.portalsaofrancisco.com.br/.../tubaroes/tubaroes.php