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quarta-feira, 12 de outubro de 2011


Porque Steve Jobs é um Gênio e um certo ex-presidente não é?

Um grande amigo meu questionou, no Facebook, porque Steve Jobs, falecido semana passada, é considerado gênio e L, o ex-presidente, não o é. Será que o primeiro é gênio por força do capitalismo selvagem, que não tem olhos para o torneiro mecânico nordestino que presidiu o Brasil por oito anos? Não seria isso um traço de genialidade também?

Antes de começar, preciso avisar: gênio não é santo; não é tolo; nem é inocente. Santo só existe um, o que morreu na cruz – usamos o termo santo de forma errada para seres humanos normais. Tolo é o camarada sem malícia, simplório. Inocente é a pessoa isenta de culpa.
Andei fuçando os dicionários buscando definição para “gênio” antes de escrever este post. Etimologicamente gênio vem de guia, tutor de uma pessoa ou de uma gens (grupo  social da Roma antiga).

Epa, agora lascou. Vamos definir tutor. Do latim “tutor”, “protector”. Na minha definição, alguém que faz algo relevante para a humanidade ou parte considerável dela (vamos aceitar um país como o Brasil nesta conta). Isto complica a minha humilde análise, porque Steve Jobs não se parece com um protetor (era um empresário de sucesso), mas L se parece com um (foi um presidente neopopulista), do tipo que nunca houve antes na história desse país.

É mas não parece

Mas, como nem tudo que parece é, Steve Jobs, capitalista, empresário e visionário, acabou sim sendo tutor de muita gente. Gerar empregos é apenas um efeito colateral. Diz um artigo na Veja da semana da morte de Jobs, que sem ele não teríamos as telas sensíveis ao toque. Os celulares seriam trambolhos. Os tocadores de mp3 teriam 10 botões. O tablet que Bill Gates apresentou 10 anos atrás, se comparado ao tablet atual (que não foi inventado na Apple, mas é, também, um efeito colateral da genialidade de Jobs) é a mesma coisa que os antigos celulares tijolões, se comparados ao Iphone (ou ao meu Galaxy S da concorrente coreana Samsung).

Por causa da paranoia por perfeição com simplicidade de Jobs, toda a indústria eletrônica acabou melhorando a qualidade de seus produtos, para acompanhar a evolução dos Macs, Aipedes, Aipodes, Aifones, aidentus e congêneres.

Em decorrência disso, o mundo hoje é de algum modo, melhor. Mais simples. Mais prático. Mais intuitivo e interativo. O que antes era ficção de cinema – em Minority Report, Tom Cruise mexe em telas impossíveis - hoje achamos a coisa mais besta do mundo. E cada vez mais acessível.

Na Apple de Jobs, um apadrinhado desqualificado tecnicamente jamais ocupou o lugar de um profissional técnico. Na verdade, não há lugar ali para alguém menos que brilhante. Um gênio se cerca de gênios. Um medíocre cerca-se de medíocres.

Parece mas não é

Ok. Agora vamos a L. Nordestino. Persistente. Inteligente, apesar de iletrado. Tentou inúmeras vezes eleger-se presidente. Conseguiu quando, por obra e graça do marketing politico, tornou-se palatável aos ricos, sem perder seu vínculo com os pobres.
Trajetória curiosa e digna de respeito. Um homem simples que, cria um partido (uma gang travestida de legalidade, mas já vimos que o buraco é mais embaixo) e, pela via democrática, vira e permanece oito anos presidente do Brasil. Sim, L é inteligente. Não se graduou para não perder a identidade com o populacho. Mas chega de baboseira. Vamos logo ao que interessa: porque ele não é gênio.

Ele não fez lá grandes coisas, convenhamos. Mas quer parecer ter feito, vendeu bem um peixe que mais parece sardinha enlatada. Os bolsas-qualquer-coisa ele herdou da finada Ruth Cardoso, ampliou a tal ponto que até vereador recebeu. Liberou geral para o MST, que invadiu tudo que encontrou pela frente, depredou até prédio público Longe disso. Tirou proveito de um momento involuntário de crescimento, fruto do esforço de empresários e trabalhadores – verdadeiros responsáveis pela manutenção desta meleca de país – vangloriando-se de ter sido o condutor do tal crescimento. Muito pelo contrário, o homem pipocou os gastos públicos e vivia sonhando com novas ou antigas formas de taxação da cadeia produtiva (inclusive a CPMF, que ele combatia quando "oposição").

Manteve em funções de necessidades técnicas, sempre, apadrinhados políticos sem qualificação. Gente que não soube lidar com aviação (caos), com crise econômica (chamada de marola), com justiça (como, com aqueles "companheiros" no poder?).
Deixou para nós um belo legado: Dilza, Dirmeu, Delúvio e uma inflação com músculos de boxeador, que ele alimentou por oito anos, sem nada de concreto e efetivo para assegurar o futuro nunca visto na história desse país. 

Capitalismo e genialidade

Entendo que o capitalismo, com todos os seus defeitos (não são poucos), permite que o gênio se destaque, porque os recursos podem financiar a genialidade. Pesquisas em medicina, tecnologia, agropecuária e tantas outras áreas da ciência só funcionam se as despesas forem pagas. Com dinheiro. O lado ruim do capitalismo é que a liberdade e a democracia dá espaço para Evos Morales, Hugos Chaves e, bem menos radicais, Ls.

O socialismo não é celeiro de gênios. É a natureza do sistema: uma igualdade forçada que coíbe a aparição de talentos. O governo socialista não tem como investir em pesquisas. O dinheiro é do povo, não do capital (na verdade, é dos ditadores, o povo passa é fome mesmo). Ah, tem o esporte, é verdade. Mas o esporte socialista se destaca porque seus governos investiram com o objetivo de vender uma imagem de sucesso para o resto do mundo. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, atletas cubanos deram um jeito de escapar. E L, de devolvê-los ao barba-negra.

O socialismo produziu nada mais do que monstros: Che, Fidel, Lenin, Stalin e outras desgraças para a humanidade. Há quem goste, eu não gosto.  O socialismo não tem lado bom. A medicina de lá é razoável, mas a do Brasil é historicamente melhor. Nunca, na história desse planeta, alguém fugiu de um país capitalista para um comunista ou socialista. Pelo contrário, as pessoas fogem DE Cuba, e não PARA Cuba. Uma pessoa fugir de um lugar legal para um ruim, eu entendo, gosto e nariz cada um tem o seu. Mas centenas de milhares de fugitivos por anos a fio... peraí, menino. Meu amigo, um lugar onde você é obrigado a ouvir horas de discurso de um ditador, para ser ruim tem de melhorar muito.

Admitamos e adimiremos

L é inteligente, repito pela terceira ou quarta vez. Muito. Do ponto de vista individual ele é um sucesso, pois chegou onde queria. Percebeu que a pecha socialista não o levaria ao palácio do planalto. Então virou L paz-e-amor, abriu mão de paradigmas forjados na metalurgia do ABC paulista - um feito enorme, poucos tem tanta facilidade de adaptação. Ganhou. Fez um "sambarelove" do Brasil para o mundo como nunca se viu antes neste país. Mas o mundo, ou o Brasil, está longe de ser um lugar melhor por conta de qualquer ação dele como presidente. Se chegamos até aqui, foi por (muito) esforço nosso, sustentando um monte de surrupiadores e/ou preguiçosos (eleitos por nós ou comissionados por eles) e ainda assim, obtendo sucesso como iniciativa privada, com toda essa carga tributária (que o “gênio” apenas ajudou a aumentar). Ou seja, o Brasil não é melhor por causa dele, é melhor apesar dele.  Respodendo ao meu amigo: “Quando sois reis, tens de saber [TODAS] essas coisas”. Ele vai lembrar de onde veio essa frase.