Porque Steve Jobs é um Gênio e um certo ex-presidente não é?
Um grande amigo meu questionou,
no Facebook, porque Steve Jobs, falecido semana passada, é considerado gênio e
L, o ex-presidente, não o é. Será que o primeiro é gênio por força do
capitalismo selvagem, que não tem olhos para o torneiro mecânico nordestino que
presidiu o Brasil por oito anos? Não seria isso um traço de genialidade também?
Antes de começar, preciso avisar:
gênio não é santo; não é tolo; nem é inocente. Santo só existe um, o que morreu
na cruz – usamos o termo santo de forma errada para seres humanos normais. Tolo
é o camarada sem malícia, simplório. Inocente é a pessoa isenta de culpa.
Andei fuçando os dicionários
buscando definição para “gênio” antes de escrever este post. Etimologicamente
gênio vem de guia, tutor de uma pessoa ou de uma gens (grupo social da Roma
antiga).
Epa, agora lascou. Vamos definir tutor. Do latim
“tutor”, “protector”. Na minha
definição, alguém que faz algo relevante para a humanidade ou parte considerável
dela (vamos aceitar um país como o Brasil nesta conta). Isto complica a minha humilde análise, porque Steve Jobs não se parece com um
protetor (era um empresário de sucesso), mas L se parece com um (foi um presidente neopopulista), do tipo que nunca houve antes na história
desse país.
É mas não parece
Mas, como nem tudo que parece é,
Steve Jobs, capitalista, empresário e visionário, acabou sim sendo tutor de
muita gente. Gerar empregos é apenas um efeito colateral. Diz um artigo na Veja
da semana da morte de Jobs, que sem ele não teríamos as telas sensíveis ao
toque. Os celulares seriam trambolhos. Os tocadores de mp3 teriam 10 botões. O tablet que Bill Gates apresentou 10 anos
atrás, se comparado ao tablet atual (que
não foi inventado na Apple, mas é,
também, um efeito colateral da genialidade de Jobs) é a mesma coisa que os
antigos celulares tijolões, se comparados ao Iphone
(ou ao meu Galaxy S da concorrente coreana Samsung).
Por causa da paranoia por
perfeição com simplicidade de Jobs, toda a indústria eletrônica acabou melhorando
a qualidade de seus produtos, para acompanhar a evolução dos Macs, Aipedes, Aipodes, Aifones, aidentus e congêneres.
Em decorrência disso, o mundo
hoje é de algum modo, melhor. Mais simples. Mais prático. Mais intuitivo e
interativo. O que antes era ficção de cinema – em Minority Report, Tom Cruise mexe em telas impossíveis - hoje
achamos a coisa mais besta do mundo. E cada vez mais acessível.
Na Apple de Jobs, um apadrinhado desqualificado tecnicamente jamais ocupou o lugar de um profissional técnico. Na verdade, não há lugar ali para alguém menos que brilhante. Um gênio se cerca de gênios. Um medíocre cerca-se de medíocres.
Parece mas não é
Ok. Agora vamos a L.
Nordestino. Persistente. Inteligente, apesar de iletrado. Tentou inúmeras vezes
eleger-se presidente. Conseguiu quando, por obra e graça do marketing politico,
tornou-se palatável aos ricos, sem perder seu vínculo com os pobres.
Trajetória curiosa e digna de
respeito. Um homem simples que, cria um partido (uma gang travestida de
legalidade, mas já vimos que o buraco é mais embaixo) e, pela via democrática,
vira e permanece oito anos presidente do Brasil. Sim, L é inteligente. Não
se graduou para não perder a identidade com o populacho. Mas chega de baboseira.
Vamos logo ao que interessa: porque ele não é gênio.
Ele não fez lá grandes coisas, convenhamos. Mas quer parecer ter feito, vendeu bem um peixe que mais parece sardinha enlatada. Os bolsas-qualquer-coisa ele
herdou da finada Ruth Cardoso, ampliou a tal ponto que até vereador recebeu.
Liberou geral para o MST, que invadiu tudo que encontrou pela frente, depredou
até prédio público Longe disso. Tirou proveito
de um momento involuntário de crescimento, fruto do esforço de empresários e trabalhadores – verdadeiros responsáveis pela manutenção desta meleca de país – vangloriando-se de ter sido o condutor do tal
crescimento. Muito pelo contrário, o homem pipocou os gastos públicos e vivia sonhando com novas ou antigas formas de taxação da cadeia produtiva (inclusive a CPMF, que ele combatia quando "oposição").
Manteve em funções de
necessidades técnicas, sempre, apadrinhados políticos sem qualificação. Gente
que não soube lidar com aviação (caos), com crise econômica (chamada de
marola), com justiça (como, com aqueles "companheiros" no poder?).
Deixou para nós um belo legado: Dilza, Dirmeu,
Delúvio e uma inflação com músculos de boxeador, que ele alimentou por oito
anos, sem nada de concreto e efetivo para assegurar o futuro nunca visto na história desse país.
Capitalismo e genialidade
Entendo que o capitalismo, com
todos os seus defeitos (não são poucos), permite que o gênio se destaque,
porque os recursos podem financiar a genialidade. Pesquisas em medicina,
tecnologia, agropecuária e tantas outras áreas da ciência só funcionam se as
despesas forem pagas. Com dinheiro. O lado ruim do capitalismo é que a
liberdade e a democracia dá espaço para Evos Morales, Hugos Chaves e, bem menos radicais, Ls.
O socialismo não é celeiro de
gênios. É a natureza do sistema: uma igualdade forçada que coíbe a aparição de
talentos. O governo socialista não tem como investir em pesquisas. O dinheiro é
do povo, não do capital (na verdade, é dos ditadores, o povo passa é fome
mesmo). Ah, tem o esporte, é verdade. Mas o esporte socialista se destaca
porque seus governos investiram com o objetivo de vender uma imagem de sucesso
para o resto do mundo. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, atletas cubanos
deram um jeito de escapar. E L, de devolvê-los ao barba-negra.
O socialismo produziu nada mais
do que monstros: Che, Fidel, Lenin, Stalin e outras desgraças para a
humanidade. Há quem goste, eu não gosto. O socialismo não tem lado bom. A medicina de
lá é razoável, mas a do Brasil é historicamente melhor. Nunca, na história
desse planeta, alguém fugiu de um país capitalista para um comunista ou
socialista. Pelo contrário, as pessoas fogem DE Cuba, e não PARA Cuba. Uma
pessoa fugir de um lugar legal para um ruim, eu entendo, gosto e nariz cada um
tem o seu. Mas centenas de milhares de fugitivos por anos a fio... peraí, menino. Meu amigo, um lugar onde você é obrigado a ouvir horas de discurso de um ditador, para ser ruim tem de melhorar muito.
Admitamos e adimiremos
L é inteligente, repito pela
terceira ou quarta vez. Muito. Do ponto de vista individual ele é um sucesso, pois chegou onde queria. Percebeu que a pecha socialista não o levaria ao
palácio do planalto. Então virou L paz-e-amor, abriu mão de paradigmas forjados na metalurgia do ABC paulista - um feito enorme, poucos tem tanta facilidade de adaptação. Ganhou. Fez um "sambarelove" do Brasil para o mundo como nunca se viu antes neste país. Mas o mundo, ou o
Brasil, está longe de ser um lugar melhor por conta de qualquer ação dele como
presidente. Se chegamos até aqui, foi por (muito) esforço nosso, sustentando um
monte de surrupiadores e/ou preguiçosos (eleitos por nós ou comissionados por eles) e ainda assim, obtendo sucesso como
iniciativa privada, com toda essa carga tributária (que o “gênio” apenas ajudou
a aumentar). Ou seja, o Brasil não é melhor por causa dele, é melhor apesar
dele. Respodendo ao meu amigo: “Quando sois reis, tens de saber [TODAS] essas
coisas”. Ele vai lembrar de onde veio essa frase.
Claro que lembro meu irmão! E como sempre muito bom o texto.
ResponderExcluirTive um professor que dizia: A pessoa pode ser inteligente, gênio ou brilhante.
O Ex-Presid. L é um gênio por conseguir atingir seu objetivo sem ser preparado. (Querendo ou não)
E Steve Jobs foi brilhante, porque foi além de sua imaginação! (Fato)