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sábado, 19 de março de 2011

Leitura da semana - revisando o minicurso - parte I

Revisando o minicurso – Parte I – A motivação

Você que é líder, ainda que não tenha participado do evento anual da Rede Capta, deve ter recebido o material de apresentação do minicurso sobre motivação e liderança, o que é pouco se comparado ao que foi apresentado. E ainda que tenha participado do evento e se animado (ou não) com a forma ou o conteúdo da apresentação, provavelmente acabará, cercado dos desafios cotidianos, esquecendo de alguns princípios básicos que ajudarão a vencer esses desafios.

Se não é líder, já fica sabendo que liderar não é moleza - o que até vai ajudar a decidir se deseja (ou não) ser líder um dia, ou pelo menos, a ser um liderado consciente e motivado. Na pior das hipóteses, espero que essas leituras ajudem pelo menos a clarear as idéias na faculdade, para quem paga disciplinas relacionadas a comportamento organizacional. Mas, antes de começarmos a revisar aqueles conceitos, precisamos lembrar que a ciência parte do geral para o particular, nunca o contrário. Logo, a abordagem será sempre da regra, não da exceção. Se a ciência ficar parando a cada particularidade da exceção, ela não avança. As exceções, as particularidades devem ser tratadas como tal.

Então resolvi aproveitar a leitura da semana para remoer o assunto, porque creio que os melhores resultados vêm quando a equipe é motivada; a equipe é motivada quando vê na liderança motivos para produzir os melhores resultados; e a liderança só consegue estes resultados se conhecer os meios ou as técnicas de liderar e de estimular as pessoas, conhecendo-lhes suas motivações pessoais e coletivas.

Motivação
Começamos o minicurso falando de motivação. Simplificando, motivação é resultado da equação: esforço x persistência + direção x objetivos condicionados + competências. O objetivo geral da equação é a satisfação de necessidades individuais. Como ser social, o homem convive em sociedade para viabilizar tal satisfação, já que em grupo é mais fácil do que sozinho. Formigas também atuam em conjunto, mas o objetivo é coletivo, a perpetuação da espécie, pura e simplesmente.

Assim cada indivíduo da sua equipe tem objetivos condicionados. Eu chamo de ambições. Tangíveis: casa, carro, dinheiro, roupa de marca... Intangíveis: realização pessoal, ganho de conhecimento, status... O tamanho do esforço é proporcional à ambição de cada um. Já a persistência dependerá das capacidades ou competências. É preciso ser competente para persistir num objetivo, por mais pedregoso que pareça; e é preciso ter a capacidade de enxergar se o esforço aplicado por determinado tempo vale à pena (atende à necessidade), para mudar o rumo do esforço.

Necessidades
Vimos que, pela pirâmide das necessidades de Maslow, as pessoas vão acumulando necessidades, das mais básicas até as mais elevadas.

1.     Fisiológicas: como comer, dormir, ter saúde, se locomover (sobreviver).
2.     De segurança: estabilidade no emprego, uma casa própria, uma família, qualidade de vida.
3.     De relacionamento: amizades, afetividades.
4.     De estima: autoconfiança, respeito, admiração, competição. Aqui entra o senso de utilidade. Quem já ficou desempregado sabe: ver começar mais uma Malhação na Globo traz um sentimento de inutilidade, de dia perdido.
5.     Realização pessoal: criatividade, superação, conquistas, moral, ética, legado, etc.

Essas necessidades não são excludentes. São cumulativas. Se complementam.
1.     Quando desempregado, eu queria, naquele momento, apenas um meio de ganhar o pão, ter um teto e poder, pelo menos, andar de ônibus (fisiológico).
2.     Empregado, eu já penso em manter o emprego, financiar um imóvel (segurança).
3.     Feito isto, seleciono/conquisto amizades, procuro relacionamentos afetivos, busco promoções, conhecimento (relacionamento).
4.     Em seguida tento me convencer e convencer aos outros que conquisto as coisas com meu esforço, em busca de reconhecimento, ascensão social, competir para me destacar (estima).
5.     Por fim, passo a desejar a realização de grandes feitos, grandes conquistas, resolver questões mais sublimes para mim e para a sociedade onde vivo, viagens, ócio (realização pessoal).

Ocorre que nós, líderes, precisamos saber dessas coisas. Precisamos saber quais delas apenas mantém o colaborador não insatisfeito e quais delas fazem com que ele comece a perceber que suas necessidades serão satisfeitas (logo, que o motivarão). Sabendo dessas coisas, ao invés de tentar mover uma equipe inteira com um único ato, podemos mover as pessoas de acordo com seus anseios individuais. E isso dá um trabalho danado. Mas quem disse que é fácil? Ninguém joga xadrez movendo todas as peças de uma só vez.

Concluímos essa parte de hoje relacionando os fatores que, quando existem, não produzem satisfação, porque é o mínimo esperado; mas quando ausentes provocam insatisfação (Herzberg chama-os de higiênicos) e comprometem os resultados. E os fatores que quando existem produzem satisfação (logo, motivam) e contribuem para o alcance ou a superação dos resultados; se ausentes, produzem apenas resultados medianos ou medíocres.

Fatores

Higiênicos. Observe que, geralmente, são fatores lineares, coletivos, que se aplicam a todos sem distinção.
Políticas organizacionais: como a organização se mostra para todos os funcionários de um modo geral.
Qualidade da supervisão: como você, líder, resolve os problemas, gerencia conflitos e, além disso, encanta os liderados com criatividade e busca de oportunidades.
Condições de trabalho e ambiente:  é o mínimo que se pode oferecer, claro, de acordo com a atividade. Não se minera num escritório, nem se atende clientes numa mina de carvão. Envolve ainda respeito, postura ética, diversidade.
Remuneração: Incrível, mas não é fator motivador. Quanto mais se ganha, mais se gasta, mais se quer. Ninguém nunca está satisfeito com o próprio salário (nem os deputados).
Relacionamento com os pares (colegas de mesma faixa hierárquica): como você administra o relacionamento entre seus colaboradores. O clima, o mesmo nível de escolaridade, o espírito de equipe...
Relacionamento com subordinados; Como você trata o colaborador. Respeito, ética, companheirismo, psicologia, transparência, justiça (um peso, uma medida, mas cada cabeça é um mundo). Numa palavra? Discernimento.

Motivadores. Se você observar, vai perceber que são coisas mais individuais. É preciso descobri-las para conduzi-las a seu favor (e a favor do colaborador, claro, é uma relação ganha-ganha).
Realização: cada pessoa se realiza com um determinado nível de satisfação de suas necessidades. Dinheiro até ajuda, mas um elogio, uma conquista, uma celebração pesam muito mais que o vil metal.
Reconhecimento: líderes celebram, ou seja, reconhecem o talento e o resultado que a pessoa ou a equipe alcançam. Publicamente. Mas também é gostoso ser reconhecido pela família e amigos como alguém competente.
Conteúdo do trabalho: fazer o que gosta é fundamental, mas pouco acessível. O líder pode ajudar o colaborador a gostar do que faz, ou a descobrir que não tem jeito, e aí, não adianta, ninguém infeliz produz algo que preste.
Responsabilidade: temos o hábito de dizer, ah, é muita responsabilidade. Mas o ser humano, em geral, gosta de responsabilidade. No trabalho é sinal de que confiam na nossa competência, motivando-nos
Progresso: tem a ver com desenvolvimento, prosperidade, avanço social, tecnológico ou financeiro. Ajuda a enxergar o obstáculo menor do que ele é de fato.
Crescimento: tem a ver com ampliação, elevação, aprofundamento, ganho de conhecimento, aperfeiçoamento espiritual e intelectual. Ajuda a perceber a si mesmo maior que os obstáculos.

Por hoje é só. Até semana que vem.

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