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domingo, 8 de maio de 2011


O QUE SERÁ DO TRÂNSITO NA PARAÍBA?

"Os números são estimativas, mas demonstram que os motoristas paraibanos não estão respeitando as leis de trânsito como devem para garantir a segurança da população. Para se ter uma idéia, nos cinco primeiros meses de 2007 foram 1.091 acidentes registrados nas BRs do Estado, já no mesmo período desse ano, já contabilizamos 1.529 ocorrências. Infelizmente, a tendência é que esses tristes números aumentem ainda mais. ' pior é que as estimativas para esse ano é que o número de acidentes provocados por motoristas embriagados supere os 50% do número total de ocorrências". Texto de Alessandra Bernardo, do Portal CORREIO 

Em menos de um ano, dois escândalos envolvendo o Detran da Paraíba levou-me, paraibano, a analisar o comportamento dos meus conterrâneos ao volante. Sobretudo pela quantidade de postes que tem sido atropelados ultimamente na Capital, João Pessoa. E olhe que estes postes não atravessam rua...

“Mulher no volante, perigo constante”. Mentira. Paraibano no volante (ou habilitado na PB) é que representa perigo no trânsito.

O paraibano não sabe dirigir. Está entre os piores motoristas das capitais do Brasil. Os motoristas do interior não deixam por menos. Os taxistas e condutores de ônibus e caminhões são os piores, pois cometem barbaridades impensáveis para quem se diz profissional. Em qualquer outro ramo, um profissional é quem faz melhor que um amador. No trânsito paraibano, isso é algo ininteligível. Não precisa fazer pesquisa nem ler o jornal. Basta sair nas ruas para constatar o seguinte:

O paraibano não sabe para que servem as setas do carro (aquelas lanternas laranjas que piscam quando acionadas pela alavanca esquerda perto do volante). São quatro ou cinco tipos de piscanalfabetos:

1.     O que pisca antes: quando vai entrar daqui há três ruas, ele começa a piscar. Quem estiver nas ruas anteriores pode bater, porque confia que ele vai entrar nesta. É assim que funciona, usa-se o pisca quando se aproxima da rua em que se vai entrar, para o outro motorista saber, não é para adivinhar.

2.     O que jamais pisca: desconhecendo a utilidade das setas, ele vê você querendo entrar na principal, poderia piscar para você sair, mas não aciona a seta. Você só descobre depois que ele entra na rua.

3.     O que anda o tempo todo com a seta ligada: ele deve achar bonitinha aquela luz no painel piscando com barulho de tic-tac. E tem o que adora andar com o pisca-alerta ligado.

4.     O que pisca depois que entrou: ele vem, entra, e, no meio da curva, lembra de acionar a seta.

5.     O que pisca para um lado e entra para o outro: esse é um criminoso. Ele mente para você, dizendo que vai para lá, mas vem para cá. Você mete o carro e acaba se acidentando. Eu disse quatro, mas relacionei cinco. 

O paraibano não sabe a diferença entre faixa lenta e faixa rápida: vou explicar: numa faixa dupla (não é mão dupla), a direita é para quem vai a velocidade mediana. A faixa da esquerda é para ultrapassar. O paraibano anda na faixa rápida em velocidade menor que a determinada e não sai de jeito nenhum, pode quebrar o corta-luz, ele não entende do que se trata. Se buzinar, ele dá dedo, olha!

O paraibano não sabe entrar em uma via de velocidade maior que a ruela da qual ele está saindo: ele entra na sua frente, mas não acelera. Você e mais vinte carros vem a 60 km por hora. Ele entra a 20 km, poderia bem acelerar para todo mundo manter o ritmo. Mas pode provocar um acidente, mantendo os 20 km que ele trafegava na ruazinha calçada da casa dele. Não adianta se estressar. É pior.

O paraibano não entende a lógica da sinalização de velocidade. Ele acha que pode rodar a 60 km por hora, porque a placa diz que 80 km é o limite (60 é menor que 80). Ele não sabe que andar com velocidade 20% abaixo da permitida é tão perigoso e proibido quando ultrapassar este limite. Tem ainda os que andam colados, seja qual for a velocidade. Freou um, pei, pou, engavetamento. Mesmo princípio: freia aqui, só pára lá na frente.

O paraibano desconhece o significado da sinalização. Ele não sabe que em faixa contínua não se ultrapassa, porque não consegue ler a mensagem: não ultrapasse, aqui é perigoso; ele não sabe que se vem de uma via secundária, deve dar preferência a quem vem na principal, em velocidade superior. Não adianta colocar aquele triângulo vermelho invertido, ele associa à genitália feminina, mas não sabe que é indicação de dar a preferência; ele não consegue entender a faixa de pedestre nem a placa de indicação de passagem de pedestre; desconhece o motivo de se colocarem placas de retorno proibido, estacionamento proibido, e mais ainda, aquela de proibido parar e estacionar. Ele pensa que é proibido estacionar em cima de outro carro. Quem fez prova escrita viu o sofrimento.

Falando no triângulo, o paraibano não sabe para que serve o triângulo do carro. O carro quebra, ele talvez ligue o alerta. Ou não tem um, ou não sabe que tem, ou sabe que tem, mas não sabe a utilidade. Quando muito, um terceiro vem e coloca um galho de árvore atrás do carro para avisar aos outros motoristas.

O paraibano não sabe para quê reduzir a velocidade em cruzamento ou “girador” de rodovia. Existe uma lei da física que faz o carro que está em curva capotar se ele frear brusco. Além disso, se os motoristas do contorno frearem, o trânsito para. Por isso é que se dá a preferência a quem está fazendo o contorno. O motorista made in PB não sabe disso, de modo que não respeita quem vem no “girador”. E se ele vem no girador, pára e dá a vez a quem está na via.

O paraibano não sabe dirigir ônibus. Nem caminhão. Ele não respeita qualquer outro veículo ou pedestre. Porque jamais leu a regra de ouro do trânsito, onde o condutor do veículo maior é responsável pela segurança do menor. O taxista anda devagar para aumentar o valor da corrida. Deixa quieto.

O motorista paraibano acredita no ditado “o que o olho não vê o coração não sente”. Ele sabe que está errado, que você pode bater nele, mas mesmo assim arrisca, mete a venta e olha para o outro lado, para não ver. Como se pensasse assim “se eu não olhar, não vai acontecer”.

O motorista paraibano não tem noção de perigo: nas cidades do interior é comum criança de seis, sete anos no colo do pai, “dirigindo” na área urbana. Cinto de segurança só na Capital. E na Capital também tem outro criminoso do trânsito: o motoqueiro que leva mulher e filho na moto. Ou o que, no bairro mesmo, bota a criança na frente e sai sem capacete a velocidades muito baixas (maior risco de tombo). Que chances tem uma criança numa queda de moto ou numa batida frontal a 40 km por hora, no colo do pai, sem cinto? O paraibano nem sonha...

O paraibano não compreende as mudanças causadas pela chuva. Ele não sabe que a água tira o óleo do asfalto e reduz o atrito. Aquaplanagem? É esporte? Continua dirigindo como se fosse dia de sol. É a síndrome de Senna: todo mundo acha que é o herói da chuva, porque Galvão Bueno inventou essa mentira, de que Senna era melhor na chuva. Ele poderia ser melhor que os outros, mas isso não mudava as leis da natureza. É como dizer que dirige melhor bêbado do que sóbrio: idiotice sem tamanho. E temos provas: todo dia de chuva os acidentes aumentam consideravelmente, e as causas são tão imbecis quanto os envolvidos: imperícia.

O paraibano não sabe como agir num acidente. Mesmo quando ele não tem nada a ver com o ocorrido. Diminui a velocidade em rodovia, só pelo prazer mórbido de ver a desgraça alheia. Acaba se acidentando também. E não abre caminho para ambulância. Ele acha que a sirena é só para a gente saber que tem alguém se lascando.

O paraibano ignora completamente a utlidade da buzina. Ele usa para tudo menos para o essencial, avisar ao outro do risco provável, ou chamar atenção para este risco. Quem ainda não gritou “quer vender a buzina?”

O motorista paraibano não sabe nem ser pedestre. Avança na rua movimentada aos poucos, arriscando ser atropelado. Ele desconhece a lei da inércia: pensa que um carro a 60 km por hora, pára exatamente onde o motorista frear e não sabe que o carro vem derrapando por mais de 40 metros. Reclama pela falta de passarela em rodovia, mas quando ela está pronta, ele não usa. Abre a porta do lado da via, correndo risco de ser atropelado e causar acidente a outros.

E ainda tem uma outra espécie de imbecil do volante. O que enche o carro de som, e anda com o volume máximo, ele dentro sem poder nem pensar direito, consumindo o finito aparelho auditivo (o som do carro não tem fim, o ouvido sim). Ou o famoso abre-a-mala-e-solta-o-som. Até dono de boteco escreve na parede, perto do tradicional “ambiente familiar”: proibido som de carro. 

Fazer o quê cidadão?, pergunta Bel do Chiclete... Se até Jesus Cristo avisou que se conhece a árvore é pelos frutos. Uma pé-de-pau com jacas nascendo no tronco não é uma mangueira. O motorista é assim porque foi ensinado assim. E foi testado assim. Mas onde mesmo é que essa fruta nasce? Nas auto-escolas. Que nível. E onde mesmo ele é testado? No Detran-PB. Precisa dizer mais nada?

Este paraibano somos todos nós.


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